Aonde nossos sonhos podem nos levar? A resposta a essa pergunta é uma eterna dúvida, mas Júlia Lívia de Moraes, aluna da 1ª série do Ensino Médio do Colégio Eduardo Gomes, deu uma demonstração de quão poderosa é sua força de vontade.
Júlia sempre demonstrou interesse por engenharia, mas confessa que tinha dúvidas. “Sempre pensei em prestar engenharia, mas estava em dúvida entre ela e outros cursos”. A dúvida de Júlia se transformaria em certeza após um incentivo de sua mãe, Valdirene Pereira. “Ela soube da competição on-line e me encorajou a realizar a inscrição.”
A competição de que Valdirene falou para a filha era um jogo virtual chamado “OSKBÇAS”, em que batalhas de robôs são travadas através de cartas, similar ao famoso Super Trunfo, como explica Júlia. “Era um jogo de cartas on-line. Você escolhia qual iria jogar, de acordo com os atributos contidos em cada uma delas, muito parecido com o Super Trunfo. Mas acho que a parte mais difícil realmente foi a espera pelo resultado.”
O resultado, divulgado no dia 03 de setembro, deixou Júlia em êxtase. Classificada em 2º lugar geral na competição, nossa querida aluna foi convidada a participar da grande final, que seria diferente. “Fui chamada para uma reunião e lá me informaram que eu participaria da final no Mauá Hands On. A competição seria decidida com modelos robóticos de verdade.”
O Mauá Hands On é um evento realizado pelo Instituto Mauá de Tecnologia, em que a faculdade abre suas portas para que jovens e adultos conheçam as instalações do campus, dando a oportunidade de descobrirem suas vocações. Nesse dia, Júlia iria competir com outros três finalistas. Mas não eram simples participantes. “Os outros três que se classificaram para a final eram alunos do 2º ano do Ensino Médio do Colégio Termomecânica.”
De repente, uma pequena história de Davi contra Golias parecia desenhar-se diante dos olhos da aluna da 1º série do Ensino Médio, mas ela não estaria sozinha na batalha. A Mauá informou que, além de a aluna poder escolher outros dois alunos, para criar uma equipe para a disputa, disponibilizariam para eles um professor de automação e um aluno que seria o tutor da equipe na competição, para prepará-los para a grande final. Juntaram-se então à equipe, André Christóforo Moraes e Victória Maria Ribeiro Costa, também alunos da 1ª série do Ensino Médio, no EG.
Só faltava um lugar para o treinamento. “Entrei em contato com a direção do Colégio Eduardo Gomes. Contei a minha história e todos ficaram muito felizes. Logo de cara, deixaram claro que eu teria o espaço para treinar e todo o apoio do EG”. Durante o treinamento, os alunos receberam dicas sobre as competições de robôs, os tipos de robôs existentes e suas respectivas armas, além de conhecerem de perto os quatro modelos que estariam disponíveis na final.
Mesmo com pouquíssimo tempo, já que o evento seria realizado no dia 21 de setembro, eles surpreenderam o professor e o tutor. A equipe estava no caminho certo.
Chegou o dia tão esperado. Júlia, acompanhada de familiares, equipe e da Professora Rose, adentrou as instalações do Instituto Mauá de Tecnologia com apenas aquilo que lhe restava naquele momento, a coragem e os seus sonhos. “Estava apreensiva, mas estava ali. Restava apenas fazermos o melhor.”
E foi o que fizeram. O primeiro adversário da equipe foi Ricardo Gitti, o 3º colocado na classificação geral. Mas as coisas iriam bem melhor do que a equipe esperava, e Júlia contou como foram as batalhas.
“Ao chegarmos ao local, foram apresentados os quatro modelos de robôs que seriam utilizados naquele dia. Teríamos de escolher o modelo que iríamos usar nas batalhas. Por sorte, o 1º colocado não seguiu a recomendação de seu tutor e escolheu outro modelo, deixando livre aquele que considerávamos o melhor.”
Iniciou-se a batalha e Júlia, que pilotou o robô, “foi com tudo para cima de seu adversário.” “Assim que a luta começou, eu já fui para o ataque. Acabei acertando o robô dele em seu local mais fraco. Uma pequena tampa foi deslocada, impossibilitando o robô de continuar a luta.”.
Ao impossibilitar seu adversário, os alunos classificaram-se para a disputa do primeiro lugar. Os critérios para caracterizar o vencedor da luta eram deixar o robô do oponente incapaz de se locomover, ou o número de ataques desferidos contra o adversário.
Havia chegado o momento decisivo. Ao colocar seu robô no ringue, a equipe iniciou uma batalha ferrenha contra seu oponente, Iago Lopes. “Nesse combate, no primeiro ataque, a tampa do robô dele voou, e, em seguida, diversos ataques de ambas as partes foram lançados. No final, atacamos mais”.
O coração de Júlia estava disparado. O sonho dela e da equipe havia se tornado realidade. Eles haviam feito o que ninguém no local imaginaria ser possível. “Foi maravilhoso. É indescritível o que eu senti. Só tenho de agradecer à minha família, meus amigos, meus tutores, minha equipe e à Professora Rose, que me acompanhou no momento da luta.”
A história da aluna e de seus companheiros deixa claro o quão longe podemos chegar. Muitas vezes, pensamos não ser capazes de realizar um sonho, deixando de lado nossa persistência e nossa coragem. Não devemos desistir de nossos sonhos. Que a vitória de nossos alunos sirva-nos de incentivo nos momentos difíceis.
Antes de finalizar a matéria, uma questão ficou no ar. Será que Júlia Lívia de Moraes conseguiu finalmente tirar a dúvida sobre qual curso fará? “Definitivamente. Eu adorei tudo o que fiz e, com certeza, vou seguir na área de engenharia. Muitas coisas boas ainda estão por vir.”