O Colégio Eduardo Gomes teve, naturalmente, acontecimentos que antecederam a sua criação oficial, solenemente anunciada em reunião conjunta dos Rotary Clubes de São Caetano do Sul, realizada nas dependências do IMES, em 11 de agosto de 1981.
Em 31 de julho de 1981, o Conselho Deliberativo da Fundação de Rotarianos de São Caetano do Sul, recém-criada em 19 de maio daquele ano, reuniu-se para referendar decisão do Conselho de Curadores, tomada no mesmo dia 31, de criar um colégio denominado “Brigadeiro Eduardo Gomes”. A decisão foi aprovada sem ressalvas.
Perguntam o porquê do nome “Eduardo Gomes”, hoje usado sem a patente Brigadeiro. Muitos dos nascidos na segunda metade do século passado, provavelmente, nunca tenham ouvido falar da personalidade Eduardo Gomes.
Vamos começar pela data de sua morte, 13 de junho de 1981, em meio às reuniões que levaram à criação da Fundação e do Colégio, fato que pode ter sido o determinante emocional, além, é claro, da vontade de seus adeptos políticos de homenagear o destacado brasileiro.
Nascido em Petrópolis, Rio de Janeiro, em 20 de setembro de 1896, Eduardo Gomes, filho de pais com antecedentes ilustres, recebeu deles esmerada educação e sólida formação moral. Após concluir seus estudos básicos, Eduardo Gomes ingressou na Escola Militar do Realengo, no Rio de Janeiro, onde foi declarado Aspirante a Oficial em dezembro de 1918.
Serviu no IX Regimento de Artilharia, em Curitiba. Fez o curso de Observador Aéreo, na Escola de Aviação Militar no Campo dos Afonsos, sendo, em seguida, transferido para o Forte de Copacabana. Participou da revolta de junho de 1922, movimento que iniciou o ciclo revolucionário em que predominavam os tenentes, num ressentimento contra a candidatura de Artur Bernardes. O movimento ganhou proporções com a prisão do Marechal Hermes da Fonseca, então Presidente do Clube Militar, tendo a revolta terminado com o episódio dos “18 do Forte”, lance de desesperada bravura dos revoltosos, que tiveram suas vidas sacrificadas, com apenas dois sobreviventes: Eduardo Gomes e Siqueira Campos.
Envolveu-se na Revolução de 1924, tendo sido preso em Santa Catarina. Foi libertado no governo de Washington Luís, porém foi excluído do Exército. Com a Revolução de 1930, foi beneficiado pela anistia concedida a todos os militares, sendo reintegrado nas Forças Armadas. Desde então, teve rápida ascensão na carreira militar: Capitão, em 15 de novembro de 1930; Major, cinco dias depois; Tenente-coronel, em junho de 1933; Coronel, em maio de 1938 e Brigadeiro do Ar, em novembro de 1941.
Foi o primeiro comandante do Grupo Misto de Aviação, criado em 1931, no Campo dos Afonsos, de onde decolou o avião que realizou a primeira linha do Correio Aéreo Militar, que mais tarde viria a dar origem ao atual Correio Aéreo Nacional, como um elemento importante nos meios de comunicação do país, aproximando as regiões remotas dos centros mais populosos do Brasil.
Como Tenente-coronel, em 1935, participou, de forma decisiva, da resistência aos rebeldes da Intentona Comunista, que tentavam ocupar os hangares do 1º Regimento de Aviação, então sob seu comando.
Durante a Segunda Grande Guerra Mundial, como Brigadeiro, foi nomeado comandante da 1ª e da 2ª Zonas Aéreas, tendo hospedado o Quartel General do Comando da Esquadra do Atlântico Sul, de grande importância estratégica, não só para a defesa do continente americano como para garantir o suprimento das tropas aliadas, que lutavam no norte da África. Promoveu, então, o primeiro Curso de Táticas Aéreas para a Força Aérea Brasileira.
Por sua destacada atuação, recebeu, durante sua carreira militar, 13 condecorações, sendo 8 nacionais e 5 estrangeiras, destacando-se: Ordem do Mérito Aeronáutico; Legião do Mérito Americano-Comandante; Ordem de Cavaleiro do Império Britânico.
Como homem público, participou do processo de redemocratização do Brasil, candidatando-se, em 1945, ao cargo de Presidente da República. Derrotado por Eurico Gaspar Dutra, veio, novamente, a concorrer ao cargo, disputando com Getúlio Vargas as eleições de 1950, sem sucesso.
Na atuação política, limitou-se a ocupar, por duas vezes, as funções de Ministro da Aeronáutica. Transferido para a reserva, em 1960, foi, em novembro daquele ano, promovido a Marechal do Ar. Faleceu, com 84 anos de idade, um dia após participar dos festejos do cinquentenário do Correio Aéreo Militar e foi sepultado no Cemitério São João Batista, no Rio de Janeiro. Pelos grandes serviços prestados à Força Aérea Brasileira, em 1984, foi declarado seu Patrono.